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Revista Vadiagem Qual o seu Nome? Mestre Paraguai: O meu nome é Djair Paraguai de Oliveira conhecido como Mestre Paraguai, nascido no dia 03 de agosto de 1953 na Maternidade Januário Cicco, filho de Roberto Cosme de Oliveira (Pai) , Arminda Paraguai (Mãe) riograndense da cidade de Natal/RN, Filha de Arthur Paraguai e Ana Paraguai de Oliveira(Avós Materno) da Cidade de
Mossoró interior do Rio Grande do Norte. ,
Revista Vadiagem entrevista hoje o nosso Mestre Paraguai
01-Revista Vadiagem - Comente sobre sua família: pai, mãe, irmãos, parentes que tiveram influência em sua vida. ? A verdade é que não convivi com meu pai e minha Mãe foi quem me criou junto a dois irmãos e uma irmã, me dando em seguida uma educação digna, possibilitando dessa forma a conclusão do segundo grau e mais tarde o curso superior. Importante dizer que, tive ajuda muito grande de meu padrinho, Sr. Érico de Sousa Rach, ex-chefe da casa civil em Natal/RN contribuindo para que eu pudesse me inserir via estágio da ETFRN, na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, em 1973.
02- Revista Vadiagem Como foi seu primeiro contato com a capoeira? ? Mestre Paraguai: Meu primeiro contato com a capoeira foi em 1969 na ETFRN junto aos meus amigos: Marcos, aluno de edificações e depois educação Física na UFRN, Teotônio, tenente do Corpo de Bombeiro Militar, Sílvio do América FC e Luciano da Marinha do Brasil. Frisando ainda que, treinávamos na praia dos artistas em Natal/RN, no espaço de Mestre Guedes do côco zambê Asa Branca, no bairro do alecrim e passagem pela Escola de Samba Balanço do Samba de Natal/RN.
 03- Revista Vadiagem - O que levou você a praticar a capoeira? Mestre Paraguai: Devo dizer caro repórter, que através de leitura do “manual de capoeira sem mestre” e visita de passagem a Escola de Samba “aí vem a marinha” somado a grande discriminação que sofria nesse tempo, por ser pobre; abriram minha cabeça para que eu tivesse a capoeira como forma de defesa, ao mesmo tempo que demonstrava aptidão que poucos tinham na época. Contando ainda com a ânsia de liberdade que proporcionava a capoeira.
04- Revista Vadiagem - Você tem apelido na capoeira? Por que esse apelido? Mestre Paraguai: (Não). No meu caso usavam meu sobrenome, mas tentaram vários apelidos que nunca se encaixaram ao meu perfil, devido minha seriedade e por ser muito arredio para com meus amigos de vadiagem.
05- Revista Vadiagem - Qual o momento mais marcante em sua vida de capoeirista? ? Mestre Paraguai: Foi exatamente quando sofri um acidente de moto e tive que amputar minha perna direita, apenas com 27 anos de idade em primeiro de abril de 1981, na divisa do estado do PI e BA, no auge do exercício da capoeira, a serviço de Mestre Miltão/ Emburenê/RN e Mestre Pinatti/presidente da Confederação de Brasileira de Pugilismo/SP, pelos quais servia de cobaia quando estes demonstravam como a deveria ser aplicada a capoeira nas forças armadas e outros interessados.
06- Revista Vadiagem - Você tem outra profissão além da de professora de capoeira? Mestre Paraguai: (Sim) sou licenciado em língua portuguesa e espanhola, por essa razão, ensino estas disciplinas em escolas municipais e cursinhos pré-vestibulando. Atuo ainda com técnico em manutenção de computadores.
07- Revista Vadiagem - A qual grupo de capoeira você pertence? Mestre Paraguai: Sou uns dos fundadores, coordenador geral e Mestre em notórios saberes da Escola de Capoeira Angola Catendê/RN, fundada em 2007 em Parnamirim/RN, em que prestamos homenagem ao grande Mestre MOA de Katendê/Salvador/BA.
08- Revista Vadiagem - Comentem um pouco sobre o seu trabalho com a capoeira? Mestre Paraguai: Nós da Capoeira Angola Catendê trabalhamos na preservação e salvaguardo das tradições da capoeira angola, iniciada pelo saudosista Mestre Pastinha/BA e assegurada atualmente pelo Mestre Curió/BA e outros grandes Mestres desta arte. Devendo salientar que, trabalhamos unido à prática da religião de matriz africana que é o candomblé, exercitando também o afoxé e ijexá como o faz Mestre Moa de Katendê/BA. Atentamos ainda, a busca e coleta de ervas para uso na fitoterapia onde possamos ajudar aqueles que delas necessitam. Tudo isso vinculado a Articulação Nacional e Movimentos de práticas populares na saúde/ANEPS/RN que se agrega à medicina e cultura popular.
 09- Revista Vadiagem -Fale um pouco sobre o seu mestre? Mestre Paraguai: Minha capoeira surgiu da rua, em seguida tive contato com meus primeiros mestres: Miltão/Emburenê/RN e Mestre Pinatti/Confederação Brasileira de Pugilismo/SP até em 1975 e em seguida tive que viajar a serviço da CPRM pra Manaus/AM, onde passei seis anos fora de meu estado, mas sempre praticando capoeira em horas vagas voltando depois ao RN, onde já tinha perdido minha identidade na comunidade de capoeiristas. No entanto, encontrei uma nova oportunidade quando amputei minha perna direita, tendo que me adaptar a movimentos mais rasteiros e graças a Mestre Sapato/olho d’água/MA vislumbrou a ideia de dedicar-se a prática de capoeira angola em Fortaleza/CE, onde administrei o grupo de capoeira Ilê ayê, na Escola Estadual Eliazart de Carvalho/castelo encantado/Fortaleza/CE, permanecendo até final de 1987. Segui depois a São Luis/MA e depois de dois anos naquele estado, desci para João Pessoa/PB, onde fiquei um grande período parado, me dedicando aos meus cinco filhos, esposa e ao trabalho até 1995. Em 1996 tive oportunidade de desenvolver meu trabalho de capoeira angola na cidade de TRINIDAD-BENI-BOLÍVIA e só retornei ao Brasil em 2005, se estabelecendo até hoje na cidade de Parnamirm/RN.
 10- Revista Vadiagem -Como é sua rotina diária? Mestre Paraguai: O meu dia-a-dia é variável. No início de semana me dedico em pesquisas de capoeira, nas quartas e sextas feira administro os treinos de capoeira angola, na sede da Escola de Capoeira Angola Catendê/RN e pela madrugada da sexta feira me dirijo a outro estado ou cidade quando convidado, para oficinas ou palestras de capoeira angola, voltando sempre aos domingos à noite para descanso da jornada de trabalho. Lembrando que, sou graduado em letras e ensinava língua portuguesa/ espanhola até 2013 para pré-vestibulandos em escola municipal.
 11- Revista Vadiagem -Que trabalho você realiza no momento? Mestre Paraguai: Desenvolvo um projeto subsidiado pelo Ministério da Cultura por nome “brincadeira de angola” com intenções de formar futuros cidadãos no bairro de Vida Nova/Parnamirim/RN. Tento promover intercâmbio com outros grupos ou escolas de outros estados, mostrando assim aos meus discípulos como é a capoeira fora de nossa cidade, aproximando também de Mestres que se interessem em nos ajudar com sua experiência em capoeira.
12- Revista Vadiagem -Qual é sua filosofia de vida? Mestre Paraguai: A minha filosofia é fazer toda atividade de capoeira angola com dedicação e determinação, lembrando que nunca podemos sair da raiz que é a preservação e o salvaguardo das tradições da capoeira angola, consciente de que sempre haverá uma atividade paralela para o auto-sustento.
 13- Revista Vadiagem - O que a capoeira representa em sua vida? (Liberdade de expressão e respeito ao próximo)
14- Revista Vadiagem - Qual a sua opinião sobre a mulher capoeirista? Mestre Paraguai: A Mulher tem direitos iguais ao homem na instituição capoeira, sendo assim, ela segura a mesma bandeira levantada pelo homem capoeirista, não havendo então tratamento específico para com ela. Ilustrando ainda que, capoeira é liberdade de expressão e de direito.
 15- Revista Vadiagem -você acha que a mulher é bem aceita num meio considerado masculino? Mestre Paraguai: Ainda existem alguns preconceitos a respeito das mulheres nas rodas de capoeira, baseado que, a mulher é mais frágil para prática da mesma. E no meu ver, creio que a mulher bem treinada e por ter mais elasticidade que muitos homens, se tornando até mais fácil para elas a “vadiagem”, sabendo-se que na roda de angola não se bate, mas se deve segurar seus impulsos e a mulher faz isso muito bem.
16- Revista Vadiagem -Ainda percebe algum preconceito com relação ao sexo feminino na capoeira? Mestre Paraguai: sim, com certeza! há ainda esse tipo de coisa por parte de alguns que não aceitam ser superados por uma mulher, que na verdade, esses que pensam assim, terão que rever seus conceitos e fundamentos, que é a igualdade para todos.
17- Revista Vadiagem -Como é sua alimentação? Mestre Paraguai: eu sou adepto do naturalismo, tenho um organismo muito bom e me adapto a qualquer comida, me alimentando três vezes ao dia. Porém, após atividade na capoeira tento repor minhas energias, aumentando a quantidade de alimento. Pois, sabemos que capoeirista gasta no mínimo 600 calorias, necessitando do dobro para reposição, devido esforço pra cantar, tocar e jogar numa roda. Portanto, considero minha alimentação com base no feijão, arroz, legumes, frutas, massas e muito líquido, bastante pesada se comparada a uma pessoa que não pratica nenhuma atividade física.
18- Revista Vadiagem - Quais são suas pretensões com relação ao futuro? Mestre Paraguai: Eu nunca pensei em futuro, mas sim, em um propósito contínuo, tendo em vista que a educação sustentável nunca deve alcançar um ápice, pois sempre haverá algo a ser aprendido e alguém com intenção de aprender, sabendo ela que está sendo preparada para encarar um presente muito dinâmico.
19- Revista Vadiagem -Uma alegria e uma tristeza na capoeira? Mestre Paraguai: O não reconhecimento de meu trabalho no meu estado por alguns, que não tem total conhecimento da diversidade que é a capoeira, achando que saio do RN a título de destaque, dizendo de passagem, que minhas viagens a outros estados se dão devido convites de outras instituições que desejam trocar informações sobre capoeira ou mesmo por acharem meu estilo acessível a eles. E a alegria se dá, quando fico sabendo sobre um aluno meu se destacando no mercado de trabalho ou porque entrou numa universidade.
20- Revista Vadiagem -Sua mensagem aos capoeiristas. Mestre Paraguai: Quero dizer aos leitores ou ouvintes que a capoeira junta a educação, é uma arma essencial para lutar e diminuir a desigualdade social. Que o capoeirista pode não ter o que o sistema exige, mas tendo somente a arte da capoeira, se considere um cidadão de grande valia entre nós capoeiristas e no mundo a fora! Digo isso, porque já comprovei e comprovo.
Entrevistado por: Cheng Capoeirista Diretor da Revista Vadiagem
e-mail: revistavadiagem@gmail.com

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