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Revista Vadiagem

Entrevista com O Mestre _SOCÓ.

Seu nome é: LINDOMAR DANTAS DA SILVA.
Nascido em, 09 /06/1977     do Signo de GÊMEOS, Natural de NATAL – RIO GRANDE DO NORTE.

01-Revista Vadiagem - Comente sobre sua família: pai, mãe, irmãos, parentes que tiveram influência em sua vida na capoeira?
 Sou de uma família humilde, o segundo de uma turma de 04 filhos, Maria Gilvanete, eu Lindomar Dantas, Luzimar Dantas e Sebastião Dantas, do segundo casamento da minha mãe, Iris Maria Dantas, do lar e meu pai Gilvane Fernandes da Silva (Em Memória) que era encarregado de uma empresa da área da construção civil.
Meu pai sempre foi muito paciente, mas rigoroso com os filhos, não deixava que nada passasse de suas regras ou conduta, dedicada ao trabalho e muito atencioso com as pessoas, sempre um bom pai e companheiro, me ajudou muito como filho a decidir o que queria na vida.
Minha mãe uma Verdadeira Guerreira, lutou no muito no seu primeiro casamento, contra o sofrimento, e nem posso comentar muito, pois não cheguei a conhecer o ex-marido, para saber de talhes, quase morreu por conta dos maus tratos, separou-se e constitui uma nova família deixando para trás todo um sofrimento, mais um acidente com animal veio a prejudicar uma de suas pernas, criou os filhos com muita atenção e disciplina, fez de sua nova família a simplicidade de seu castelo, rigorosa na hora certa mais amorosa em todos os momentos, ótima conselheira zelou o seu novo casamento até os últimos dias do esposo que veio a falecer de um infarto fulminante. Hoje com uma idade bem avançada e cansada do tempo ainda é uma mulher forte e guerreira, que ainda me ponho a admirar e amar me deixando sempre emocionado.
Meus dois irmãos ambos com um temperamento forte, cada um com seus pensamentos mais sempre focados em seus objetivos profissionais, todos dois já viveram as mesmas experiências que eu já passei durante certo tempo, ambos praticaram capoeira mais dentro mesmo da arte só depois de alguns anos que eles engajaram na capoeira, hoje só quem pratica é o mais novo que veio realmente a praticar capoeira na década de noventa com o contramestre Edilson “Pintor” eu já vinha seguinte a arte há mais tempo, o irmão do meio saiu por motivo interno e pessoal se afastou da capoeira.
Minha irmã não teve essa atração pela capoeira, mais sim pelos cânticos, calma e reservada pouco falava, não fez parte por opinião da nossa própria mãe que não deixava com que nos aprofundássemos muito, e mesmo assim conseguíamos um jeito. Pois ela tinha muito a desenvolver a sensibilidade mediúnica e por não podermos morar em uma única cidade ela não foi iniciada.  Naquele tempo eram poucas ou quase nenhuma moça podia sair de casa sozinha, bastante calma não pode desfrutar muito da juventude a ir a festas ou bailes e namorar, sofreu muito com a disciplina da mãe, pois não permitia muita coisa, casou-se aos 17 anos e até hoje mora no estado de Goiás
Dentre os parentes e amigos foram mais os amigos que influenciaram poucos por onde passávamos tais como o Antonio Bezerra da cidade de Sirinhaém/PE o senhor que tinha pratica com a capoeira, o Alexandre amigo e colega de trabalho do meu pai que dava dicas de muitas outras artes marciais, Carlos André faixa preta de karatê da cidade de são Sebastião Umbuzeiro/PB, Messias, Nego Dé amigos e irmãos da capoeira da cidade de Camalaú/PB, Laudivan – kung fu – chãolin, o contramestre Edilson ex. aluno do Mestre Delicado de são Paulo/SP, o meu mestre José Veranilton das Chagas Lima Mestre Zé Brilhante e em especial, a minha Ex-esposa Eliana Matias da Silva “Santa” carinhosamente conhecida e madrinha de capoeira que teve a honra de colocar a minha primeira corda de capoeira na minha cintura pois nunca havia colocado graduação alguma em minha vida de praticante, era um capoeirista de rua, um praticante, e minhas três filhas Elizabete, Lidiane e Leiliane, meu Pai (em memória) e a minha mãe que hoje aceita e reconhece o meu esforço e que foram dois grandes incentivadores, pois me deram essa liberdade de escolher entre um emprego de 2.000,00 mensais e a capoeira tantos e tantos outros que me fogem da memória.
...

02- Revista Vadiagem Como foi seu primeiro contato com a capoeira?
 Segundo os relatos da minha mãe com quem muito conversei, sai de Natal/RN com uns três (03) anos de idade e fomos morar em Fortaleza/CE, depois fomos para o estado da Paraíba, onde passamos a residir na cidade de Pedra Lavrada, Desterro e Conceição, dentre outras devido ao trabalho do nosso pai, como conhecido popularmente como trecho de obras, depois fomos morar no então Estado do Pernambuco, onde tive o meu primeiro contato com a capoeira na década de 80, entre os anos de 1983 – 1984 morávamos praticamente no litoral sul de Recife/PE, no povoado de Santo Amaro de Sirinhaém, e pra minha surpresa não é cidade e sim um povoado, próximo a cidade de Sirinhaém/PE, uns 02 km uma da outra hoje talvez seja cidade.
Minha mãe às vezes se via meio que obrigada a me pegar em ônibus ou em cima dos carros da empresa por que eu dava umas fugidas de casa para aventurar, coisas que minha mãe relata, e esse contato com a capoeira foi meio que por acaso, quando, crianças íamos juntos deixar o café e às vezes almoço do nosso pai no trabalho, íamos geralmente os três irmãos, antes da chegada do quarto irmão. Certo dia, eu e meu irmão, fomos deixar o café, e neste dia iríamos ficar o dia todo, pois já tínhamos uma intimidade com o caminho, só não podíamos sair da rota por ser zona Canavieira, sabe como é criança se tiver um teimoso, e um curioso já sabe, e eu sou os dois, e na volta pelo final da tarde encontramos uma turma brincando no pátio de uma escola por onde sempre passávamos, não perguntamos nada por que era recomendação dos nossos pais, para não ficarmos em lugares estranhos, mas a brincadeira ficou bem guardada na memória, tinha uns instrumentos em forma de arco, (o berimbau), pandeiros e atabaques tudo ali na roda, um pé subia outro descia, ia e voltava à noção do que era aquilo ou do que se passava não importava muito, tínhamos pouca idade, entre 05 a 06 anos de idade, mais a época era bem puxada... Era o inicio da década de 80, entre os anos de 83 a 84, e como estudávamos em uma escolinha particular Senhora Maria Aparecida, 44 anos de idade, foi a onde aprendi que as responsabilidades teriam que ser cumpridas a risca, era tempo da palmatória e dos caroços de milho.  A movimentação ficou guardada na memória e na escola fazíamos uma brincadeira que imitava aquilo que tínhamos visto logo a onde, na escola. Ai você já deve saber no que dava, nesta escola tinha uma turma de uns 14 alunos, e dentre eles 03 (três) que eram brigões, não se engane não batíamos sempre levávamos um DESACERTO, não tínhamos noção do que era realmente capoeira e nem mestre tínhamos, as noções básicas de alguns movimentos, Aus, Bênçãos, Galopantes e Socos, pontes e alguns saltos que fazíamos.
Amigo de trabalho do nosso pai que se chamava Antônio Bezerra, um moço que morava na mesma rua em frente ao mercado, pois ele entendia do que se tratava, pois a coisa estava ficando feia, ou pegavam agente na rua da escola, ou a nossa mãe nos pegava em casa, ele conversou com o nosso pai e falou que tinha visto um desses episódios e esclareceu que os meninos já tinham um tempo na capoeira, ai a mãe enlouqueceu, além da gente levar uns cascudos, gírias da época, ficávamos em casa brincando na área de casa de capoeira, e raramente víamos ele no trabalho o pessoal chama ele de lagartixa, não o mestre que eu conheci atualmente também do Pernambuco.
Já a capoeira é uma longa história, meu irmão não era muito ativo para certas atividades, brigar no caso de defender pela idade e sobrava pra mim, e a capoeira junta com outras culturas populares era pra ele era muito puxado, e sem a permissão de nossa mãe se tornava quase impossível aprender qualquer coisa, qualquer atividade corporal e na escola pior nessa época não existia esses programas de hoje, a onde os alunos têm de tudo e não valorizam, por isso eu era quem movimentava  o corpo para aprender algo, eram tempos de transformação política, nossos pais tinham ainda muita desconfiança com relação ao movimento da capoeira, e artes márcias, e mesmo assim os amigos da época nos convidavam para participar.
Praticamente fui eu que incentivei os meus irmãos, como sendo o mais velho dos homens, passei para os meus dois irmãos, um desistiu, e só o caçula ainda esta na ativa.
Mas em pouco tempo, por conta de umas afrontas eu terminei brigando com um na escola, e não deu outra, nos mudamos para Sirinhaém/PE onde passamos dois anos e depois voltamos para o distrito de Santo Amaro, mas sempre dávamos para encontrar o Antônio, pois sempre estava por ali no corte de cana, ou no trabalho do nosso pai, mas nossa mãe proibia a pratica Não tinha jeito, ela só veio a aceitar depois de muitos anos depois, entre os anos 98 a 2000. Passamos seis anos morando no estado do Pernambuco onde no inicio de 1989 fomos para a Paraíba onde tudo que eu já conhecia já foi sendo apurado nos tínhamos a certeza de morar por definitivo, e passei a me organizar já estava bem introduzido no karatê e kung fu estava faltando a capoeira. No termino de mais uma obra de terra planagem no finalzinho de 89 fomos para  a cidade da Camalaú/PB, passamos a estudar e fazer amigos e mais uma vez a turma do pega esta formada e agente era o centro das atenções, formamos uma de oito meninos entre 11 a 14 anos de idade para treinar, o que já se sabia passamos a praticar um ensinava para outro o que se sabia, existia alguns praticantes que estudavam fora, em João pessoa, e são Paulo não tínhamos dinheiro mais pegávamos algumas dicas com essa turma e dava certo.
Em 1993 ouvimos falar de um mestre de capoeira na cidade de Sumé/PB, só que continuávamos sem ter condições de manter, e pra mim já muito importante ter um mestre, certa vez na casa da minha namorada vi um filme o meu primeiro filme de capoeira “O Esporte Sangrento”, e aquilo me fez reviver a capoeira algo muito mais forte que antes, pois estava quase parada não estava muito na pratica os demais não acreditavam muito nela, e com esse filme fiz a minha promessa de não para mais e ter um mestre, e na cidade por acaso do destino surgiu o um praticante uma rapaz que tinha acabado de chegar da cidade de São Paulo José Edilson, que era Contramestre e foi aluno do Mestre Dellicado de também da capital Paulista, logo começou a nos ajudar e se filiou ao mestre, e que depois da filiação com o mestre Zé Brilhante passou a ser professor, pois é uma pratica comum haver esse rebaixamento.


Com essa promessa tudo que eu vivi no estado vizinho, e com os amigos e praticamente parentes voltou na esperança de rever a cultura da capoeira e a cultura popular através de um amigo de família chamado Alexandre era quem nos levava para brincar, frevo e ala-ursas, e os Papangus que são homens fantasiados que saiam pelas ruas cantando e pedindo dinheiro e comida nas casas. E no ano de 2008 fui reconhecido Mestre, por meus irmãos de capoeira juntamente com o meu Mestre que por motivos particulares não pode estar no dia da formação, mesmo sendo bastante criticado por alguns Mestre venho mostrando que pra ser Mestre não precisa ter oitenta anos, mais sim ter responsabilidade e ensinar e trabalhar pela capoeira e seus entes queridos.

03- Revista Vadiagem
- O que levou você a praticar capoeira?
A beleza, o mistério, o fascínio em querer aprender a lutar como nos filmes, me fez buscar o aprendizado sobre capoeira e outras lutas, além domais às vezes me via no mato sem cachorro levar uma tapa sem dever é muito chato, fora que minha mãe já não gostava muito da ideia de que eu viesse a prender artes marciais, eu não podia ver um chute que dava um jeito de aprender a vontade de aprender era muito grande e juntava um pouco daqui outro bocado dali, um misto de artes na minha cabeça e a capoeira não foi diferente, pois não tinha mestre já o que eu aprendia era com os outros.
Não gosto de violência tenho pavor de gente assim, mais tem coisas que vem a seu encontro, em minha vida teve vários momentos difíceis posso dizer que agradeço muito a deus e aos meus amigos por terem me ajudado a aprender karatê, o kung fu, A CAPOEIRA, nas horas difíceis.

04- Revista Vadiagem - Você tem apelido na capoeira? Por que esse apelido?

              Tenho... “Socó”, porque sempre fui muito de gostar da natureza, mais no olhar pessoal de cada um, é de eu era muito alto e magro demais, por ser do físico dessa ave, sendo que se esquecem das suas qualidades particulares, ser paciente, cauteloso, e de bote certeiro dentre outras qualidades não só por seu aspecto físico, a nossa opção era o mato pra treinar, por não termos uma academia, e a igreja evangélica assembleia de DEUS não aceitava que o contramestre Edilson... Conhecido por nós como pintor, que era evangélico na época, desse aulas, sofremos muito para estabelecer um local, e eu estava muito empolgado saia pra tudo que era lugar, mais o meu local preferido era as margens do rio Paraíba, uma mistura de vegetação rasteira, baixadas pra saltos e bastante água doce, e eu ia muito sedo pra praticar os novos movimentos, mais isso só se deu por que além de termos um contramestre com pouco tempo por intermédio de um outro amigo e praticante que foi a cidade de Sumé/PB, encontrou o mestre de capoeira chamado Zé Brilhante a qual nos filiamos depois, aluno do mestre Elias de são Paulo, que é aluno do mestre Otávio da Bahia... Suas origens vêm do mestre limão.
            E como os meus colegas sabiam que eu saia pra treinar na margem do rio, e como o pessoal falará pra o mestre que me viu algumas vezes treinando, ele ficava me vendo ali Isolado treinando, mais esse apelido eu só vim pegar depois de receber a corda de contramestre que era a corda verde, branca, azul e amarela (6° estágio) das mãos do Mestre Elias e do Mestre Zé Brilhante, ai é outra história dentre tantas outras.
                Isso que eu vou contar é meio que engraçado...
Quando eu fui pegar esse estágio de contramestre eu não tinha apelido, e eu levei a minha turma da época, formou-se a fila de professores e contramestres, todos foram apresentados com os seus respectivos apelidos, pois cada um já tinha menos eu.
                E começaram anunciar a formatura de um Contramestre já que todos já tinham sido anunciados, menos esse tal de Socó...  Fora chamado várias vezes e nada dele aparecer ao pé do berimbau, e por de mais uma vez chamaram esse tal de socó, eu me irritando, pois logo após seria eu no meu pensar, já que  eu não tinha apelido iram me chamar pelo nome.
E como sou uma pessoa paciente, desta vez comecei a ficar aborrecido, pois, e me aborreci olhei para o mestre de cerimônia, gesticulando pedi pra que procurassem esse doido que se esqueceu da hora, esse mane depois de tanto o chamarem, eu não aguentei levantei os braços e falei me chamem, pois esse doido não vem mais...
Foi quando os meus colegas falaram é VOCÊ...
            

05- Revista Vadiagem - Qual o momento mais marcante em sua vida de capoeirista?
Não tenho só um momento, posso dizer que um dos maiores foi quando senti a capoeira, sua energia, seu chamado, e desde então não parei, já relutei em desistir para mais sempre aparecem pessoas que desejam aprender ai nunca paro, já tive decepções e muita dor de cabeça, já fiz loucuras mais também bons atos pela capoeira.
Já senti emoção ao ver a minha companheira me ajudar e por a primeira corda na minha cintura, já vivi grandes emoções vendo minhas filhas se dedicando a capoeira mais sobre velas se afastando por conta de ignorantes, já me alegrei em ver meu Mestre Realizando eventos em meu nome por não poder estar presente, e chorei por não telo perto de mim na hora em que mais precisei sorrir de felicidade quando minha namorada e futura esposa esteve como madrinha no meu primeiro batizado oficial, e muito triste por não tela como madrinha no dia da minha formatura.
Alunos que viveram e morreram por um momento pela capoeira, a alegria de tocar um berimbau para um grande mestre da velha guarda, e ouvir dele palavras de reconhecimento como as dos Mestres cafuné, Pombo de Ouro, Grã Mestre índio, Gegê, M. Adriano Muzenza, os meus amigos mais próximos, M. Baiano, M. Balú, M. Pantera, M. Matoso, M. Zé do Bola, M. Welton, Contramestre Messias, Contramestre Ogãn, Contramestre Nego Dé... tantos outros que fiz como amigos ou até mesmo irmãos.
Triste por minha mãe nunca ter me visto jogar em uma roda, mais muito feliz quando ela mede defendeu quando falaram que eu não merecia estar em uma graduação de mestre, pois reconheceu que mesmo não aceitando por muitos anos a minha dedicação pela capoeira veio a reconhecer todo o meu esforço, e lição de vida por ser perseverante, e ter uma carga muito grande de responsabilidade por ensinar e cuidar de crianças que não são minhas.
E o dia que meu pai que se sentou para me ouvir e reconheceu a minha escolha como capoeirista, e a todos os momentos, um capoeirista não sente só um grande momento, sente os grandes momentos, mesmo sendo felizes ou tristes em sua vida.



06- Revista Vadiagem - Você tem outra profissão além da de professoro de capoeira?
Atualmente atuo como educador popular dando aulas de capoeira, promotor de eventos, produtor cultural, a minha profissão mesmo era de apropriador foi uma vaga que meu pai conseguiu quando tinha 17 anos, fui carvoeiro, pescador, agricultor, off se boy, segurança, apanhador de Tomate, servente de pedreiro, auxiliar de palco “circo”, artesão, , administrador de associações e cooperativas, e lojista.



07- Revista Vadiagem - A qual grupo de capoeira você pertence?
Eu sou filiado a ASCKK - Associação de Capoeira Kunta Kintê – do Mestre Zé Brilhante, foi a minha primeira academia, onde pegue meus estágios e até continuo respeitando, e por necessidades profissionais tive que criar a minha própria instituição que não deixa de ser uma extensão da Kunta Kintê, mais tenho a minha bandeira – A.C.N.B - Associação de Capoeira Nação Brasil.


08- Revista Vadiagem - Comentem um pouco sobre o seu trabalho com a capoeira?

              Independente de graduação desde os meus onze anos de idade eu dou aula, e vejo que a todos que eu passei algum conhecimento, os que procuram levar a diante esses conhecimentos dentro e fora da capoeira, os verdadeiros interessados não se arrependeram, com mesmo sendo algo de inicio, e de Orientação nada melhor do que continuar praticando, hoje tenho um trabalho bem mais maduro onde desenvolvo alguns projetos e pesquisas como todo bom capoeirista tem um projeto chamado e o meu chama-se Capoeirança – ajudando a educar, onde realizo seminários anualmente que visam não só a ensinar a capoeira mais também busca resgatar e preservar os fundamentos da capoeira dentro de um padrão de organização, sem feris os seus conceitos.
Temos dois projetos de leis aprovados na câmara de vereadores do município, onde um deles é o da semana municipal da capoeira, e outro que criou a bolsa atleta municipal e da direito aos capoeiristas dentro das outras modalidades desportivas, coisa que a capoeira não tem em outros estados da federação pelo que vejo.
Desenvolvo um trabalho ligado a outros dois estados um no rio de janeiro, com o estagiário Alisson, e um no estado de alagoas, na cidade de palmeira dos índios com o CM. Pequeno e algumas cidades vizinhas a Sousa/PB, Aparecida, Uiraúna, distrito de São Gonçalo e do Boi Morte com o PF. Corre Campo, todas no estado da Paraíba, é um trabalho árduo mais muito gratificante, já passei por muitas decepções mais não deixo me abater, criticas de mau gosto. 

09- Revista Vadiagem -Fale um pouco sobre o seu mestre?
Falar sobre o meu mestre é algo bem difícil, mais posso falar que é um mestre muito disciplinado um grande conhecedor da capoeira, paulistana e baiana, contemporâneo na metade da carreira dos grandes mestres como mestre Jeol, Susassuna, Pinatte, dentre outros aprendeu com o Mestre Elias de São Paulo, Mestre Nego Fura (em Memória) dentre outros da Zona leste de São Paulo, é um mestre muito reservado, calmo e rigoroso nada anormal para os mestres de sua época, simples e humilde ótimo conhecedor da capoeira antiga do jogo e seus fundamentos, não aceita e concorda com atitudes de falsidade, discípulo neto do Mestre Otavio de Salvador/BA, trabalhou em algumas áreas profissionais tais como Construção, segurança e outras, hoje tem um salão de cabelereiro especializado em cortes afro, casado e tem sua associação na cidade de Sumé/PB, e filiados no estado e fora dele, hoje o Mestre Zé Brilhante sempre foi como um pai, um verdadeiro educador, muito firme em suas palavras e fundamentos da capoeira, junto com a Associação de Capoeira Kunta Kintê, teve que se afastas por um tempo por conta de saúde mais hoje desenvolve um projeto de resgate da capoeira trazendo de volta antigos alunos que se afastaram.



10- Revista Vadiagem -Como é sua rotina diária?
Minha rotina é bem puxada, e como moro só as despesas são mais pesadas pra um só, me divido praticamente em quatro, pois dou aulas em projetos sócias da prefeitura municipal da cidade, e em umas duas escolas do Município, em uma região onde o profissional não é muito valorizado, além de dar aulas para os filiados da associação, reuniões dos conselhos que faço parte tem noites que não da pra dormir direito, filhos pra dar assistência, já vi muitos capoeiras quebrarem a cara aqui por não ouvir meus conselhos, querem montar um trabalho e em pouco tempo sentem o peso, e terminam desistindo por vários motivos, primeiro dinheiro, apoio empresarial, e a falta de estrutura e o preconceito que são enormes, tem muitos mestre que me criticam mais nenhum conhece a fundo a minha luta e os meus desafios, pago caro a qualquer um que me diga que vivi em um lugar sem apoio por muito tempo, só aqueles que conseguiram superar todas elas sabem, já mais um aventureiro ira realizar um bom trabalho sem antes derramar suor, sem calejar seus sentimentos e entender realmente o que é a capoeira para ele. 

11- Revista Vadiagem -Que trabalho você realiza no momento?
Ministros aulas dentro dos programas sociais, algumas escolas e dou aulas pela minha associação de capoeira, como educador popular.
12- Revista Vadiagem - Qual é sua filosofia de vida?
Dedicação, disciplina e respeito... Pela família e a capoeira, e para com o próximo, pois é de maneira humilde, que encimamos o sentido maior de viver.
 13- Revista Vadiagem - O que a capoeira representa em sua vida?
Vida, esperança liberdade... Um sonho de dias melhores!
 Aonde todos virão que com os erros do passado, poderemos concertar o nosso presente, e sermos mais humanos no futuro.

14- Revista Vadiagem - Qual a sua opinião sobre a mulher capoeirista?
Durante esse tempo todo que dou aulas, e pratico capoeira, tive poucas alunas devido a uma serie de motivos, e o maior é o preconceito que ainda existe com grande força nesta região sobre as mulheres na capoeira, mais consegui mostrar que é muito importante, é algo que tem que ser altamente valorizado, elas tem um grande valor dentro da capoeira.
15- Revista Vadiagem -você acha que a mulher é bem aceita num meio considerado masculino?
Isto varia de região pra região, na região nordeste ainda existe um grande preconceito onde a mulher não é apoiada por familiares ou amigos, quando entram na capoeira, por causa de vários motivos, do tipo religião, e condições sociais elas sofrem por estarem em uma Atividade considera só pra homens ou vagabundos coisas do tipo.
A sociedade ainda vê de uma maneira infeliz uma mulher dentro da Capoeira, principalmente quando se é do interior que é bem diferente da sociedade das grandes capitais, a onde a mulher conquistou o seu espaço dentro e fora da capoeira, aqui no interior, são poucas as mulheres que enfrentam esse preconceito contra a mulher na capoeira.
16- Revista Vadiagem -Ainda percebe algum preconceito com relação ao sexo feminino na capoeira?
Sim e muito, a mulher por mais oportunidades que ela tenha, ela chegara um momento que irá abandonar a capoeira, por conta de conversas maldosas, mestres que imaginam interesse pessoal, a falta de cultura para com a mulher na capoeira, Família que não apóia uma sociedade racista e preconceituosa, como a que vivo e vejo onde moro, um relacionamento amoroso que a afasta da capoeira.



17- Revista Vadiagem -Como é sua alimentação?
É descontrolada devido ao excesso de trabalho, a onde não consigo me alimentar na hora, e muitas vezes não é a alimentação adequada.
18- Revista Vadiagem -Quais são suas pretensões com relação ao futuro?
Crescer e desenvolver junto com os meus alunos projetos dentro e fora da capoeira, podendo ajudar a todos os que a procuram... Filosofia de vida, esporta, cultura ou lazer para o bem do corpo da mente e alma.
19- Revista Vadiagem -Uma alegria e uma tristeza na capoeira?
UMA ALEGRIA, ver a capoeira chegar tão longe como patrimônio e como veículo de socialização em todo o mundo.
UMA TRISTEZA é de ver que ainda a capoeira esta sendo pra mim esquartejada por pessoas, que sem motivo algum criam leis, ou objetivam uma arte através de alguns programas deixando a capoeira limitada, e sem perspectivas de desenvolvimento algum, por culpa de interesses pessoais, capoeiras que visam ganhar e crescer em cima dos outros.
20- Revista Vadiagem -Sua mensagem aos capoeiristas.
Que a capoeira é, e sempre será luta de libertação... É expressão da cultura de um povo, e que pode ser organizada e unificada.

RÁPIDAS NA CAPOEIRA:
Livro: O MEU EM BREVE.
 CD: SUASSUNA E DIRCEU.
Golpe: BEIJAR – FLOR.
Música: TODAS QUE TE FAÇAM REFLETIR.
Mestre: MEU MESTRE.
Mestre Novo: TODOS QUE TENHAM RESPONSABILIDADE.
Estilo de capoeira: TODOS... POIS TUDO É CAPOEIRA.
Destaque na capoeira: TODOS AQUELES QUE FAZEM UM BOM TRABALHO.
Lugar: Brasil e África: NATAL/RN E ANGOLA
Ninguém merece: CAPOEIRA APREVEITADOR E FALSO.
Uma boa roda: AQUELA QUE TODOS SE SINTAM BEM.


Entrevistado por Cheng Capoeirista
Diretor e Colunista oficial da Revista Vadiagem
e-mail: revistavadiagem@gmail.com
chengcapoeira@gmail.com

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